Muitas reportagens sobre o terrível atentado de 11 de Setembro
começam com as frases "O que você estava fazendo durante os atentados
terroristas de 11 de Setembro?" "Aonde você estava em 11 de Setembro
de 2001?"
Lembro perfeitamente das respostas para
essas perguntas, enquanto o mundo assistia àquele terror, àquela tragédia, eu
com meus 10 anos estava me arrumando na casa da minha avó para ir para a
escola, lembro de estar assistindo desenhos quando de repente tudo foi
interrompido e aquelas cenas horripilantes entravam em meus olhos, ainda muito
pequena para entender a gravidade ou até a veracidade da situação eu só
observava, enquanto minha tia e meus avôs aparentavam incredulidade e medo.
Assim como a maioria das crianças daquela época o 11 de Setembro não teve lá
muita importância na época, assumo que eu mesma me perguntava porque as pessoas
falavam tanto nele, que aquelas imagens não saiam dos telejornais, não entendia
o desespero, os choros, o medo, não entendia a fumaça e sinceramente achava
aquilo um exagero, preferia os desenhos, preferia dar risada a ver aquele filme
todo... Mas não era um filme, não era drama, não era ficção.
Creio que assim como eu, muitas crianças
se perguntaram o porquê daquilo tudo, ouvíamos falar de guerra, de Iraque, de
um tal de Bin Laden, mas nada fazia sentido.
Então um dia você cresce... Um dia alguém
te explica... Um dia você entende...
Hoje pela manhã acordei normalmente,
quando olhei na tela do celular e vi o 11 de Setembro imediatamente lembrei de
tudo aquilo, das cenas de horror, das lágrimas, do medo. Pensei então pela
primeira vez em anos nos meus sentimentos em relação a tudo isso, a essa data e
ao medo que sinto.
Sim, eu percebi que hoje tenho medo, assim como tive ano passado,
retrasado, e o anterior, todos os "aniversários" do ataque desde a
primeira vez que entendi a intensidade desse ato. Encontrei em mim uma repulsa
por deixarem isso acontecer, por matarem tantos inocentes em nome da guerra. Descobri
que não acredito em ideais nesse caso, acredito em egoísmo, em poder, em
crenças absurdas, em loucura, simples assim.
Vasculhei no meu interior e doeu, senti
tristeza, mesmo depois de todos esses anos, 13 para ser exato, ainda não consigo
acreditar que pessoas sejam capazes de tal ato, que inocentes morrem nas mãos
de lunáticos, que assassinos acreditam na redenção, que as pessoas nesse mundo podem
se chocar e após um tempo simplesmente aceitar. Eu não aceito, demorei a
entender, mas nunca vou esquecer.
O 11 de Setembro de 2001 desmembrou muitas
famílias, destruiu lares, sonhos, futuros, dizimou a paz e a crença, trouxe o
ódio e a vingança, levou a mais mortes, e se transformou em um círculo vicioso.
Hoje pais ainda morrem sem conhecer seus
filhos, mães enterram seus garotos, e meninos querem se tornar heróis e lutar
por seu País e infelizmente jamais voltarão para casa,
Treze anos depois a tragédia ainda é
evidente, a destruição está entre nós, àquela tristeza e medo ainda pairam no
ar, é evidente que o dia fatídico deixou marcas, que muitas pessoas ainda não
podem colocar suas cabeças nos travesseiros e dormir sem medo, que muitas
famílias ainda sofrem, que o sonho americano para muitos acabou. E são todos
esses motivos que me fazem não aceitar e a não esquecer tudo o que aconteceu,
talvez eu ainda sonhe com um mundo melhor e diferente, sem guerras, mas com
certeza as duas torres caindo nunca sairão da minha memória.
Depois de todo esse tempo, acordar na manhã de 11 de Setembro
ainda é assustador para quem está lá, sempre há a espera do mal, as conversas
giram em torno do que poderá acontecer, de como transcorrerá esse dia, e se será
só mais um aniversário com lembranças ruins e todos poderão voltar para casa
como em um dia comum, pois por mais que todos tentem 11 de Setembro
independente do ano nunca mais será um dia tranquilo, seja pelo medo dos
americanos, ou pelas lembranças que assolam todas as outras nações ao redor do
mundo.
Acordar nesse dia é instintivamente se lembrar, independentemente
de onde você é, de que língua você fala, qual a sua crença ou a cor da sua
pele, é lembrar do mal, da tristeza e pensar no mundo em que vivemos, é chorar
seus mortos e principalmente é nosso dever entender que perante ao mundo somos
todos iguais, somos seres humanos e deveremos assim nos respeitar.